
Vida de gato Eu era aquele gato manhoso preguiçoso, sempre pronto para saltar para cima do cadeirão da avó Celeste e enroscar-me nas suas malhas coloridas. Era um gato de boas famílias, vivia uma vida sem preocupações, aproveitava o dia como se fosse uma prenda para se desembrulhar devagar. No entanto, numa das vezes que eu desci ao jardim que circundava a nossa casa, reparei num gato… vejamos, não me parecia bem um gato… mas, depois de o observar com ou pouco mais de atenção, não havia dúvidas, tinha que reconhecer que éramos da mesma espécie. Era magro, com o pelo eriçado e bigodes por aparar, pobre bicho, devia andar pelas ruas da amargura. Hesitei! Mas na verdade não consegui resistir a ir ter com ele ao portão. Colocando aquele ar simpático tão bem treinado por mim, perguntei:
Bolas, pensei eu, a vida deste não deve ser fácil! Nada mesmo… Voltei para dentro, mas, a partir daquele dia aquelas palavras não me deixavam em paz. Andava de cabeça baixa, orelhas descaídas e aquela vivacidade pela qual era conhecido, parece que tinha desaparecido. Sem casa… o frio e o vento de que tanto eu fugia, seriam os seus companheiros de dia e de noite. Passei, desde esse dia, a ter um comportamento um pouco atípico. Sempre que saíamos de carro, eu deitava-me na parte de trás e, sem me dar conta, procura em todos os nichos que via uma casa para aquele pobre gato viver. Olha ali mesmo! Debaixo daquele vão de escadas, dentro de um caixote estaria mais abrigado, ou… até mesmo no recanto daquele jardim, bem junto da varanda, não seria má ideia. Assim começaram a ser os meus dias. Junto do portão eu esperava ansiosamente por voltar a ver aquele gato magricela que tanto me impressionara. Ainda não sabia exatamente o que iria fazer, mas projetos não me faltavam. De uma coisa eu tinha a certeza, é que aquele gato iria ter um canto quentinho para viver e se quisesse, um amigo para passar uns bons bocados.. |
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