
Mundos opostos – uma história de Partilha Paulo era um menino português, filho de um diplomata a trabalhar em Angola. Tinha 9 anos e gostava muito da sua família. Paula era uma menina angolana, também com 9 anos, que não sabia de quem era filha. Nem sequer tinha alguma vez tido uma família. Paulo, todos os dias de manhã, ia para o colégio num belo carro com motorista, usando uma farda limpa e bem engomada. Paula nem sabia o que era ir à escola. Além das atividades escolares diárias, Paulo tinha as suas atividades extracurriculares, depois das aulas. Tocava piano, fazia equitação e jogava xadrez. Os dias de Paula eram passados a procurar tarefas que lhe pudessem dar, a troco de alguma comida ou moedas, para poder comer um pão. O menino tinha nascido em Portugal, mas desde muito cedo foi habituado a viajar com o pai e a mãe por vários países, onde o pai trabalhava. Já era conhecedor de meio mundo e tinha uma cultura muito invulgar para a sua idade. A menina nunca tinha saído do seu país, nem da sua aldeia, mas era conhecedora do sofrimento que alguns homens podem causar a outros, matando muitas das pessoas que viviam na sua aldeia natal. À primeira vista, Paulo tinha tudo para ser um menino muito feliz… e era, mas a sua felicidade não estava completa. Sonhava com o dia em que tinha um irmão ou uma irmã com quem partilhar brincadeiras, experiências, emoções e tudo o resto que os irmãos partilham sem quaisquer questões. Quanto a Paula, tinha tudo para se sentir a pessoa mais infeliz do mundo, mas sentia-se com sorte por viver numa aldeia onde podia contar com todos para a ajudarem. Os vizinhos davam-lhe pequenas tarefas para que pudesse ganhar algum dinheiro e a maior parte das vezes davam-lhe também a alimentação de que precisava. Dormia na antiga cabana, que um dia tinha pertencido aos seus pais, mas de quem ela não se lembrava, pois tinham sido mortos quando ela era bebé. Ter outro bebé também tinha sido o sonho da mãe do Paulo, quando ele tinha três anos, mas a sorte não tinha sido sua amiga e não conseguiu engravidar, mesmo depois de ter corrido mundo para fazer tratamentos nos melhores hospitais, clinicas e especialistas em fertilidade. Todos da família se sentiam tristes com isto. Numa manhã, ia Paulo para a escola, quando avistou uma menina a puxar um carrinho de rolamentos cheio de roupas. Achou estranho, mas não disse nada à mãe. |
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