Uma escola com emoções

Seria impossível não falar de emoções, quando falamos de escola e aprendizagens. Sem emoções dificilmente existe aprendizagem. Pois, por muito que nos custe, o medo e a raiva são duas das emoções essenciais para a nossa sobrevivência e para as nossas aprendizagens.

Foram estas constatações que me fizeram ir ao encontro das escolas e em especial do Jardim Escola João de Deus, onde encontrei profissionais e alguns pais cientes da importância das emoções na escola. Só acreditando na importância destas premissas é que podemos fazer a diferença.

Depois de mais um ano a usar esta metodologia de ensino das emoções, tomei coragem e convidei uns amigos para construir a escola das emoções.

A Escola das Emoções tem como objetivo informar e divulgar a importância da educação emocional nas pessoas e nas organizações, acreditando que este projeto trará benefícios a todos aqueles que nele participarem ativamente fazendo desta metodologia uma forma de estar e de viver. Este projeto vai mostrar que somos constituídos por emoções e que precisamos de as conhecer para que depois as possamos reconhecer e compreendê-las, aprendendo a controlá-las.

A Escola das Emoções quer estabelecer parcerias com escolas, empresas e instituições que queiram crescer e desenvolver a relação com as emoções.

Foi feito um estudo na London School of Economics (LSE) que afirma que a estabilidade emocional em casa tem mais influência na felicidade futura de crianças do que o dinheiro ou um bom desempenho académico. Esta investigação foi levada a cabo pelo Richard Layward, considerado um dos principais especialistas no mundo em investigação sobre a felicidade, o estudo abordou mais de 9 mil pessoas nascidas no Reino Unido em diversas situações sociais durante um período de três semanas no ano de 1970. Estas pessoas foram acompanhadas até os 34 anos de idade, e vários dados do seu percurso foram analisados, como os rendimentos familiares, o histórico de trabalho e mesmo o registo criminal. A partir dessas análises, a equipa desenvolveu um modelo matemático que tenta explicar variações nos níveis de felicidade na população britânica.

Para avaliar a estabilidade emocional, a equipa de Layward também se concentrou em detalhes minuciosos como crises de insónia na infância e mesmo incontinência urinária, passando por distúrbios alimentares. Os investigadores concluíram que a “saúde emocional” na infância esteve no topo da lista de fatores determinantes. O histórico académico ficou em último lugar.” O estudo concluiu que os rendimentos são responsáveis por apenas 1% de variação nos índices de felicidade expressados pelas pessoas estudadas, enquanto a “saúde emocional” na infância responde por 6%. As conclusões do estudo são controversas, em especial o argumento de que o desempenho intelectual na infância pode ter muito menos influência do que se pensava no que se pode chamar de realização na vida adulta.“Sabemos que pode ser encarado como uma afronta dizer que educação e dinheiro estão entre os menos importantes determinantes da realização pessoal”, escreveu Andre E. Clarke, um dos académicos envolvidos no estudo da LSE.

Nos últimos anos, os “estudos da felicidade” ganharam popularidade não apenas no meio académico mas também a nível político, ao ponto de investigadores e mesmo líderes políticos, como o primeiro-ministro britânico David Cameron, falarem publicamente em termos como “PIB da felicidade” como parte de discussões para melhor compreender as necessidades da população.

São estes estudos que me fazem acreditar no sucesso da escola das emoções e na importância que ela pode ter na mudança da nossa perspetiva educacional. Uma escola onde se preocupam com as emoções, só pode ser uma escola onde os resultados de aprendizagem são brilhantes, mesmo que por vezes os académicos possam ser só bons.

É com este pensamento que acreditamos que a parceria informal que existe entre a escola das emoções e o Jardim-Escola João de Deus, vai marcar a diferença no futuro.

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